Pedi um filé de salmão com alcaparras na manteiga, salada e um suco de laranja, afinal de contas, fome é fome, mas regime é regime, não é? Abri meu lap-top e levei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim.
- Tio, dá um trocado?
- Não tenho, menino!
- Só uma moedinha para comprar um pão!
- Está bem, compro um para você!
Para variar, minha caixa de entrada está lotada de e-mails. Fico distraído vendo as poesias, as formatações lindas, dando risadas com as piadas malucas. Ah! Essa música me leva a Londres e a boas lembranças de tempos idos.
- Tio, pede para colocar margarina e queijo também!
Percebo que o menino tinha ficado ali.
- Ok. Vou pedir, mas depois me deixa trabalhar, estou muito ocupado, tá?
Chega minha refeição e junto com ela meu constrangimento. Faço o pedido do menino, e o garçom me pergunta se quero que mande o garoto ir "à luta". Meus resquícios de consciência me impedem de dizer. Digo que está tudo bem.
- Deixe-o ficar. Que traga, não o pão, mas uma refeição decente para ele.
Então ele sentou à minha frente e me perguntou:
- Tio, que você tá fazendo?
- Estou lendo uns e-mails!
- O que são e-mails?
- São mensagens eletrônicas mandadas por pessoas via Internet!
Sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de maiores questionamentos disse:
- É como se fosse uma carta, só que vem pela Internet!
- Tio, você tem Internet?
- Tenho sim, essencial ao mundo de hoje!
- O que é Internet?
- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual!
- E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, novamente na certeza que ele pouco vai entender e vai me liberar para comer minha refeição, sem culpas.
- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos pegar, tocar. É lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que ele fosse.
- Legal isso. Adoro!
- Mocinho, você entendeu o que é virtual?
- Sim, também vivo neste mundo virtual!
- Você tem computador?
- Não, mas meu mundo também é desse jeito .Virtual. Minha mãe trabalha, fica o dia todo fora, só chega muito tarde, quase não a vejo, eu fico cuidando do meu irmão pequeno que vive chorando de fome e eu dou água para ele pensar que é sopa. Minha irmã mais velha sai todo dia, diz que vai vender o corpo, mas não entendo pois ela sempre volta com o corpo. Meu pai está na cadeia há muito tempo. Mas sempre imagino nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos, dia de Natal e eu indo ao colégio para virar médico um dia. Isso é virtual não é tio?
Fechei meu lap-top, não antes que lágrimas caíssem sobre o teclado. Esperei que o menino terminasse de, literalmente, "devorar" o prato dele, paguei a conta e o troco dei-o para o garoto, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um "Brigado tio. Você é legal!".
Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato Que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!
- Tio, dá um trocado?
- Não tenho, menino!
- Só uma moedinha para comprar um pão!
- Está bem, compro um para você!
Para variar, minha caixa de entrada está lotada de e-mails. Fico distraído vendo as poesias, as formatações lindas, dando risadas com as piadas malucas. Ah! Essa música me leva a Londres e a boas lembranças de tempos idos.
- Tio, pede para colocar margarina e queijo também!
Percebo que o menino tinha ficado ali.
- Ok. Vou pedir, mas depois me deixa trabalhar, estou muito ocupado, tá?
Chega minha refeição e junto com ela meu constrangimento. Faço o pedido do menino, e o garçom me pergunta se quero que mande o garoto ir "à luta". Meus resquícios de consciência me impedem de dizer. Digo que está tudo bem.
- Deixe-o ficar. Que traga, não o pão, mas uma refeição decente para ele.
Então ele sentou à minha frente e me perguntou:
- Tio, que você tá fazendo?
- Estou lendo uns e-mails!
- O que são e-mails?
- São mensagens eletrônicas mandadas por pessoas via Internet!
Sabia que ele não ia entender nada, mas, a título de livrar-me de maiores questionamentos disse:
- É como se fosse uma carta, só que vem pela Internet!
- Tio, você tem Internet?
- Tenho sim, essencial ao mundo de hoje!
- O que é Internet?
- É um local no computador, onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem de tudo no mundo virtual!
- E o que é virtual?
Resolvo dar uma explicação simplificada, novamente na certeza que ele pouco vai entender e vai me liberar para comer minha refeição, sem culpas.
- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos pegar, tocar. É lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que ele fosse.
- Legal isso. Adoro!
- Mocinho, você entendeu o que é virtual?
- Sim, também vivo neste mundo virtual!
- Você tem computador?
- Não, mas meu mundo também é desse jeito .Virtual. Minha mãe trabalha, fica o dia todo fora, só chega muito tarde, quase não a vejo, eu fico cuidando do meu irmão pequeno que vive chorando de fome e eu dou água para ele pensar que é sopa. Minha irmã mais velha sai todo dia, diz que vai vender o corpo, mas não entendo pois ela sempre volta com o corpo. Meu pai está na cadeia há muito tempo. Mas sempre imagino nossa família toda junta em casa, muita comida, muitos brinquedos, dia de Natal e eu indo ao colégio para virar médico um dia. Isso é virtual não é tio?
Fechei meu lap-top, não antes que lágrimas caíssem sobre o teclado. Esperei que o menino terminasse de, literalmente, "devorar" o prato dele, paguei a conta e o troco dei-o para o garoto, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que já recebi na vida e com um "Brigado tio. Você é legal!".
Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato Que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel nos rodeia de verdade e fazemos de conta que não percebemos!
Peguei daqui, mais uma do Sílvio!
Nenhum comentário:
Postar um comentário